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A Sinagoga de Tomar foi construída entre 1430 e 1460, por ordem do Infante D. Henrique, que sempre manteve uma relação de proximidade e mesmo de proteção para com a comunidade judaica, que contribuía generosamente para a grande empresa dos Descobrimentos. Naturalmente, a construção do templo foi impulsionada pelo número crescente de judeus em Tomar e pela necessidade que sentiam de ter um local sagrado para a prática do seu culto. No entanto, acabaram por desfrutar da Sinagoga apenas durante um curto período de tempo, uma vez que esta foi encerrada em 1496, aquando do édito de expulsão dos Judeus de Portugal, por ordem de D. Manuel I.
A sua arquitetura é simples e denota influências orientais. Possui planta quadrangular e uma cobertura com abóbadas de arestas assentes em quatro colunas (que representam as quatro Matriarcas de Israel) e doze mísulas encastradas nas paredes (que representam as Doze Tribos de Israel). Para além da função religiosa para que foi criada, a Sinagoga teve também outras serventias para a comunidade judaica de Tomar, funcionando como escola, assembleia e tribunal.
Do seu encerramento até à sua aquisição por Samuel Schwarz, teve usos diversos, tendo sido utilizada como cadeia pública a partir de 1516, e entre finais do século XVI e início do século XVII, chegou mesmo a ser adaptada para local de culto católico, como Ermida de S. Bartolomeu. Mais tarde, depois da sua profanação no século XIX, chegou a servir de palheiro, celeiro, armazém de mercearias e arrecadação. Só o ano de 1921 lhe devolveria a possibilidade de reaver a dignidade perdida, quando foi classificada como Monumento Nacional.
Samuel Schwarz, judeu polaco investigador da cultura hebraica, salvou-a do estado de abandono em que se encontrava, adquirindo-a em 1923 e doando-a, em 1939, ao Estado Português para aí instalar o Museu Luso-Hebraico Abraão Zacuto.
Escavações de 1985 revelaram a existência, numa sala adossada ao edifício principal, de estruturas de aquecimento de águas e talhas, comprovando a existência de uma sala destinada ao mikvah, o banho ritual purificador das mulheres.
O acervo do Museu é composto essencialmente por livros, objetos tradicionais da cultura hebraica, objetos de culto, lembranças de visitantes e lápides funerárias de personalidades judaicas relevantes, oriundas de vários pontos de Portugal.
O nome do Museu é uma homenagem a Abraão Ben Samuel Zacuto, judeu nascido na cidade espanhola de Salamanca em 1450, obrigado a refugiar-se em Portugal depois da expulsão de Espanha, em 1492. Astrónomo, matemático, médico e rabi, ficou ao serviço de D. João II e em 1496, publicou em Leiria a importante obra Almanach Perpetuum com tábuas astronómicas que se revelaram imprescindíveis para a correta orientação dos navegantes portugueses e consequente sucesso da empreitada portuguesa dos Descobrimentos.
Desde 15 de outubro de 2019, após a realização de trabalhos de beneficiação na Sinagoga, está aqui instalado o Núcleo Interpretativo da Sinagoga de Tomar. É um espaço aberto ao público, que dá a conhecer as origens do judaísmo, e sobretudo informações acerca da presença judaica em Tomar.
Horário:
Verão (abril a setembro): terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00
Inverno (outubro a março): terça-feira a domingo, das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00
Encerrada nos dias: 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro.