Bem no centro da Várzea Grande, ergue-se o imponente Padrão Filipino - ou Padrão da Várzea Grande, como também é conhecido -, que data de 1627 e que celebra a entrega da Várzea Grande ao Povo e à Câmara de Tomar, pelo rei Filipe III, em oposição às pretensões da Ordem de Cristo de se apropriar deste terreno.
Em causa, a contenda entre o Povo de Tomar e a Ordem de Cristo devido às pretensões da Ordem de ali construir o Convento de São Francisco. A Ordem religiosa afirmava que o terreno lhe pertencia, mas a realidade é que o rei D. Manuel havia concedido os terrenos da Várzea Grande ao Povo de Tomar.
Efetivamente, no início do século XVII, em 1625, os frades da Ordem de São Francisco pretendem instalar-se em Tomar e aí construir um novo Convento, no lugar da Várzea Grande. Tal facto deu origem à referida contestação, tendo o litígio ficado resolvido com a resolução de Filipe III (Filipe IV de Espanha) a favor do Povo e da Câmara de Tomar.
Interessante referir que a lápide comemorativa do Padrão Filipino foi arrancada do seu local de implantação, depois da Restauração da Independência, em 1640, quando Portugal se libertou da ocupação espanhola que durou 60 anos, entre 1580 e 1640. Com este gesto, a população quis apagar da memória coletiva este período de domínio do país vizinho, de que se libertou nesta data.
Foi depois da crise de sucessão despoletada pelo desaparecimento prematuro do Rei Dão Sebastião que Filipe II, neto de D. Manuel I e Rei de Espanha, considerou ser o sucessor da Coroa portuguesa, tendo sido confirmado Rei de Portugal nas Cortes de Tomar, em Abril de 1581, como Filipe I de Portugal. Foram 3 os reis espanhóis que reinaram em Portugal durante este período - Filipe I, II e III - e todos eles fizeram investimentos consideráveis na vila de Tomar e no seu património.
O Padrão Filipino é construído em cantaria de calcário, com uma plataforma quadrangular de seis degraus, onde assenta a base e o próprio padrão. No topo, é rematado por uma cruz de Cristo e por um cata-vento.